Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência? O homem não lhe conhece o valor não se acha na terra dos viventes (Jó.28.12,13).
O livro de Jó pertence ao gênero literário sapiencial, e o seu capítulo 28 é todo dedicado a uma exposição sobre a verdadeira sabedoria. Falando sobre a sabedoria e onde encontra-la, Jó traça um paralelo entre o trabalho do homem nas minas em busca de metais preciosos, com o esforço empreendido para encontrar a sabedoria.
O maior problema da humanidade é a falta de sabedoria. Existem muitas pessoas inteligentes, com vasto conhecimento em várias áreas do saber; porém nem todas as pessoas inteligentes são sábias. Mas toda pessoa sábia é inteligente. Uma pessoa pode ser intelectual, com um vasto conhecimento, mas quando utiliza sua inteligência para o mal, ou para benefício próprio, não é uma pessoa sábia. A sabedoria não se porta com indecência, nem busca seus próprios interesses, mas usa o seu conhecimento com prudência para promover o bem. A sabedoria está acessível a todos, não está distante, é fácil encontra-la, o problema é que as pessoas preferem ir em busca de atalhos e resultados imediatos. A sabedoria é a fonte que gera resultados, mas para adquiri-la há um preço a pagar. Estes resultados podem vir a curto ou a longo prazo, mas quem tem sabedoria sabe esperar. Ser sábio é pagar um preço, é andar na contramão dos tolos que se dizem inteligentes.
A SABEDORIA SOB TRÊS DIMENSÕES:
1- A Sabedoria Na Esfera Natural (28.1-11).
Na primeira parte da sua exposição sobre a sabedoria (28.1-11), Jó usa a metáfora das minas para ilustrar a busca da sabedoria como um bem natural. Assim como os homens usam técnicas avançadas para encontrarem minérios e metais preciosos na natureza, da mesma forma eles têm-se empenhado em busca da sabedoria. Esses metais estão escondidos na terra e, para serem encontrados, requer grandes esforços e uso apurado das técnicas.
As minas são locais insalubres, que, além de precisarem de apuradas técnicas de escavação, precisam ser bem iluminadas. Todo este esforço tem um objetivo e é justificável, tendo em vista encontrar os tesouros naturais que estão escondidos nas profundezas da terra.
O homem é inteligente. Ele revira a terra, explora os rios e desce a lugares escuros, e trás para luz o que estava escondido (28.11). Tudo isso em busca da sabedoria na esfera natural.
2- A Sabedoria Na Esfera Comercial (28.12-19).
Jó inicia a segunda parte da sua exposição sobre a sabedoria com duas pergunta: Mas onde se achará a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência? (28.12). A sabedoria não tem preço, não é negociável e nem é uma cultura que pode ser herdada.
Tendo gastado todo o seu esforço e usado todas as técnicas disponíveis, mesmo assim o homem demonstrou-se incapaz de encontrar a sabedoria. A sabedoria a qual Jó se refere é bem diferente daquela conhecida pelos seus amigos, que diziam que a sabedoria era um bem herdado que passava de pai para filho. Era, portanto, um bem que poderia ser transferido para gerações futuras. Jó mostra que a verdadeira sabedoria da qual ele está falando é de natureza bem diferente, não podendo ser herdade ou passada de pai para filho. Não é, simplesmente um bem cultural. Mas onde se pode encontrá-la? Da perspectiva natural, não há uma rota para encontrá-la, muito menos na perspectiva comercial. Não há nada em valores monetários que possa comprá-la. Jó diz: Não se dará por ela ouro fino, nem se pesará prata em câmbio dela. Nem se pode comprar por ouro fino de Ofir, nem pelo precioso ônix, nem pela safira. Com ela se não pode comparar o ouro ou o cristal; nem se trocará por joia de ouro fino. Ela faz esquecer o coral e as pérolas; porque a aquisição da sabedoria é melhor que a dos rubis. Não se lhe igualará o topázio da Etiópia, nem se pode comprar por ouro puro (28.15-19). Fica claro que, a sabedoria não pode ser comprada, nem comparada, nem negociada. A sabedoria não se encontrar na esfera comercial, ela está muito além das riquezas terrenas.
3- A Sabedoria Na Esfera Espiritual (28.20-28).
De onde, pois, vem a sabedoria, e onde está o lugar da inteligência? (28.20). A pergunta do versículo 12 é repetida no versículo 20. Jó está caminhado para a conclusão do seu argumento. Como ele mostrou no início do seu discurso, não é possível obter a sabedoria simplesmente pelo esforço humano, mesmo que os homens sejam diligentes e aplicados nessa busca. Ela também não tem preço. Não é um bem comercial e, por isso, não pode ser comprada. Não tem preço, mas possui valor. Ela é um bem imaterial, não é um produto humano, mas Divino.
Mas disse ao homem: Eis que o temor do Senhor é a sabedoria, e apartar-se do mal é a inteligência (28.28). Aqui está o clímax da argumentação de Jó sobre a sabedoria e a sua origem. Ele é divina! Ela também é relacional. Jó mostra não apenas a origem da sabedoria, mas também o caminho que nos conduzirá até ela. Deus é a fonte da sabedoria, e o temor do Senhor é o meio de chegar-se até ela. Portanto, Jó prova para seus amigos que eles estavam equivocados em dizer que a sabedoria era produto de uma tradição fria. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria e todos os que a põe em prática possuem uma boa inteligência (Pv.1.7). Esse é o maior de todos os bens. A sabedoria suprema consiste em temer e adorar a Deus, não na inutilidade humana de emitir ideias e opiniões.
FINALMENTE, a sabedoria encontra-se em DEUS, na pessoa de Jesus Cristo, onde estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (Cl.2.3). Amém!