domingo, 1 de dezembro de 2019

JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ EM ROMANOS.

... Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei (Rm.3.28).

Na carta de Paulo aos romanos é onde nós vamos encontrar a maior exposição paulina sobre a justificação pela fé. Do capítulo 1 ao 6, Paulo faz uma exposição completa acerca da justificação pela fé, e conclui que, tanto os judeus como os gentios só serão justificados e salvos mediante a fé em Jesus Cristo. Após Paulo expor a iniquidade dos judeus e dos gentios, ele nivela os judeus e os gentios e declara que ambos pecaram e são alvos da ira de Deus. as iniquidades dos judeus e dos gentios receberiam a devida punição, porque a justiça de Deus, não os pouparia. Depois dessas terríveis notícias acerca dos pecados dos judeus e gentios, Paulo transmitiu uma notícia alvissareira. E a boa notícia é que existe uma maneira de sermos inocentados: Crendo em Jesus Cristo, pois Ele é o único que pode pagar a nossa dívida e apagar todos os nossos pecados. Aleluia!

UMA BREVE EXPOSIÇÃO SOBRE ALGUNS TERMOS QUE PAULO UTILIZA:

JUSTIÇA DE DEUS.

Mas, agora, se manifestou, sem a lei, a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem; porque não há diferença. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm.3.21-23).

Esta expressão refere-se a ação redentora de Deus para alcançar o homem no pecado e leva-lo a um relacionamento correto com Ele. Essa justiça de Deus, só pode ser alcançada mediante a fé em Jesus Cristo. A justiça de Deus se manifestou como a graça redentora para salvar a humanidade. Essa justiça foi revelada na pessoa de Jesus Cristo. Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens (Tito, 2.11).

LEI.

É a revelação escrita da vontade de Deus para o homem.
A lei veio para revelar o pecado e nos servir de aio para nos conduzir a Cristo.
O que Paulo quer dizer em Gálatas 3.24 quando diz que “a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo”? A expressão "aio" no grego é traduzido como tutor (paidagogos), que significa literalmente ‘conduzir criança’. Designa o homem que acompanhava a criança à escola e no retorno dela. O tutor ou pedagogo entregava a criança ao instrutor. Era seu dever proteger a criança contra dano físico e moral. O pedagogo tinha também autoridade para disciplinar a criança e para instruí-la em questões da conduta. Às vezes, sua disciplina era bastante severa.
Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio (Gálatas, 3.25).
A Lei foi como uma ponte que serviu para nos conduzir a Cristo. A Lei veio para revelar o pecado e colocar limites ao comportamento humano. Porque sem lei não há delito, e não havendo delito não há pecado. Estes fatos, portanto, mostram que seria inapropriado que os cristãos permanecessem debaixo da lei mosaica. Ela serviu bem ao seu objetivo como tutor. “Mas agora que chegou a fé, [isto é, a fé em Jesus Cristo,] não estamos mais debaixo dum tutor.” O Instrutor designado por Deus, Jesus Cristo, assumiu o controle. O comando agora é da graça.


JUSTIFICAÇÃO.

Justificação é um termo jurídico que absorve o acusado e o declara inocente. O antônimo de justificação é condenação. Todos nós estávamos sentados no banco do réu, prestes a sermos condenados, mas veio Jesus Cristo, nosso advogado, e nos inocentou da nossa culpa.
Paulo explicou que Deus, por sua graça, pode declarar-nos inocentes. Quando um juiz em um tribunal declara um réu inocente, todas as acusações são retiradas de todos os registros. Legalmente, é como se a pessoa nunca tivesse sido acusada. Quando Deus perdoa nossos pecados, nossa vida fica completamente limpa. Para Deus, é como se nunca tivéssemos pecado.

Justificação na teologia de Paulo é um ato de justiça de Deus que remove a culpa do condenado e o declara inocente. Essa justificação só se torna possível através do sacrifício de Jesus Cristo e mediante a fé. O homem é justificado por Deus Pai, pelos méritos de Jesus Cristo. Portanto, a justiça humana é incapaz de nos inocentar diante de Deus. Deus vê a nossa justiça como algo imprestável, está escrito: Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapos da imundícia; e todos nós caímos como a folha, e as nossas culpas, como um vento, nos arrebatam (Is.64.6).
Paulo declara que pela Lei era impossível o homem ser justificado diante de Deus, visto que os seus sacrifícios eram imperfeitos. Mas, agora, veio Jesus Cristo e ofereceu o sacrifício perfeito, que satisfez toda a justiça divina e nos justificou pela fé.


FÉ.

A fé é o elemento principal na justificação. Sem fé é impossível o homem ser justificado diante de Deus. Para que a salvação que é pela graça, seja confirmada é necessário ter fé em Jesus Cristo. Paulo diz aos efésios: Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie (Ef.2.8,9). As obras da lei não salva, as obras humanas também não salva; só a fé no sacrifício vicário de Jesus Cristo, é capaz de nos justificar e salvar.

GRAÇA.

A graça de Deus veio para nos livrar da desgraça do pecado. O pecado deforma, destrói e escraviza. A graça transforma, constrói e liberta. Paulo escrevendo aos romanos, diz: Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça (Rm.5.20).

Esta palavra pequena e bela, significa, favor imerecido.
Paulo usa a expressão: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça..." (Rm.3.24).
A graça foi manifesta na pessoa de Jesus Cristo (Tito, 2.11).
Somos salvos pela graça, por meio da fé (Efésios, 2.8).
Se tivéssemos que pagar para que fôssemos justificados, o preço seria altíssimo, não teria como. Mas a graça nos beneficiou nos dando uma gratuidade a nossa salvação e livre acesso ao Pai. Paulo declara que pela graça de Deus nós fomos justificados, isto significa dizer: Um culpado sendo inocentado pelo indulto da graça de Deus. Na graça, Deus nos favorece tudo aquilo que não merecíamos. Portanto, vivamos na graça, sem abusar da graça.


REDENÇÃO.

Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo as riquezas da sua graça (Ef.1.7).

O significado original de "redenção" é resgatar mediante um pagamento. Isto implica em dizer que a nossa salvação foi obtida mediante o pagamento de um resgate.
A nossa libertação se deu mediante um pagamento. Jesus nos resgatou, nos comprou de volta e nos libertou para sempre das garras de Satanás.
Na época do A.T. as dívidas de uma pessoa podiam leva-la  a ser vendida como escrava. Porém, o parente mais próximo podia redimi-la, comprando a liberdade dela mediante o pagamento das suas dívidas. Cristo comprou nossa liberdade; o preço pago foi sua própria vida.
Redimir é quando alguém usa de misericórdia e paga o preço do resgate, para libertar um prisioneiro, não se importando com o valor.
Na redenção, nós fomos resgatados, libertados e comprados por um alto preço. O sangue de Jesus Cristo, derramado na cruz do calvário foi o preço da nossa redenção; saímos da condição de escravos do pecado, para sermos servos de Jesus Cristo. O apóstolo Pedro nos afirma que o preço do nosso resgate não foi pago pelo vil metal como prata ou ouro, mas foi com o precioso sangue de Cristo (I Pe.1.18,19).


REMISSÃO.

Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados (Cl.1.14).
Na remissão nós recebemos o indulto do perdão, e todas as nossas dívidas foram quitadas, canceladas e desfeitas por intermédio de Jesus Cristo.
Remissão e Remição, são duas palavras com pronuncias idênticas, porém, com significados diferentes.


"Remição" (com ç), significa "resgate, reaquisição, libertação, quitação".
Ex.: O direito de remição é transferível e cabe, primeiramente, ao próprio devedor.


"Remissão" (com ss), significa "indulto, perdão, graça".
Ex.: "Concedei-nos a remissão de nossos pecadores..."


Portanto, Cristo operou em nós tanto a remissão quanto remição; nos perdoando, nos regatando, nos libertando, quitando a nossa dívida e nos readquirindo para Ele.

PROPICIAÇÃO.

Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar da sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus (Ef.3.24-26).

Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo (I Jo.2.1,2).

A propiciação representa a misericórdia de Deus.
Propiciação tem haver com Propiciatório, que é o mesmo que a tampa da arca da Aliança, lugar onde era derramado o sangue do sacrifício e Deus aceitava como cheiro suave e se fazia propício em perdoar toda nação de Israel (Ex.25.17-22; Hb.9.1-5).


Na antiga aliança o cerimonial do culto bem como a liturgia e adoração, estavam restritas aos sacerdotes e ao sumo sacerdote. No tabernáculo, que era uma tenda móvel consagrada para adoração, havia dois compartimentos e uma cortina (véu), que separava o lugar santo do lugar santíssimo ou santo dos santos; no lugar santo havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; no lugar santíssimo estava o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, e dentro dela estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto (lei); e na tampa da arca, os querubins da glória, que representavam a presença de Deus. Os sacerdotes ofereciam diariamente sacrifícios a Deus pelo povo e o sumo sacerdote entrava uma vez por ano no lugar santíssimo para oferecer sacrifícios por ele e por toda a nação de Israel, que era o dia da expiação. Os filhos de Israel ficavam na parte externa, de fora do pátio, esperando o sacrifício ser aceito por Deus, só ouvindo o barulho das campainhas que estavam nas vestes do sumo sacerdote, se as campainhas parassem de tocar era sinal que Deus não havia recebido o sacrifício e o sumo sacerdote estaria morto, fulminado por Deus, por estar em pecado. Quando o sacrifício era aceito o povo se alegrava e fazia festa. Jesus o nosso sumo sacerdote eterno, ofereceu um único sacrifício à Deus. Ele é a propiciação perfeita pelos nossos pecados. Na Antiga Aliança os pecados do povo eram apenas cobertos e no ano seguinte havia um novo sacrifício para propiciação dos pecados. Na Nova Aliança, Jesus Cristo não cobriu, mas removeu de uma vez por todas, nos absorvendo completamente da nossa culpa. Aleluia!