Se alguém o forçar a caminhar com ele uma milha, vá com ele duas (Mateus, 5.41).
Uma milha é uma unidade de comprimento do sistema imperial de medidas, equivalente a 1.609 metros ou pouco mais que um quilômetro e meio.
O Império Romano tinha a lei de Angaria, que permitia a soldados romanos obrigar cidadãos a carregar seus equipamentos por uma milha.
Na época de Jesus, um soldado romano podia obrigar qualquer pessoa a carregar seus pertences por uma milha, isso era uma humilhação para os judeus. Jesus ensina a surpreender o opressor, não com raiva, mas com bondade, duplicando a distância solicitada.
A segunda milha é feita por amor e não por imposição, demonstrando um caráter que não apenas cumpre as exigências, mas as excede, sendo um testemunho positivo do evangelho.
Andar mais uma milha, significa ir além, dar o "extra", fazer o que muitos não fazem, mesmo quando a outra pessoa não o merece.
Esta metáfora de Jesus também tem a ver com o costume judaico de se pedir a companhia de alguém numa viagem pelas perigosas estradas da época. Quando alguém se negava, e acontecia um crime, essa pessoa era responsabilizada e punida pela comunidade local, por não ter atendido ao pedido do viajante.
Os romanos forçava aqueles a quem eles escolhia. O verbo grego traduzido aqui por "forçar" advém de uma antiga palavra persa que significa "recrutar à força". Curiosamente, é a mesma palavra que aparece no capítulo 27.32 de Mateus, quando os soldados romanos "recrutaram à força" Simão, para ajudar Jesus a carregar sua cruz.
Os fariseus haviam imposto uma lei: "Devemos acompanhar somente a outro fariseu, (pessoa do mesmo nível) não devemos caminhar com os incrédulos". Jesus, entretanto, vai além, e ensina que seus discípulos, ao serem solicitados por qualquer viajante a andar uma milha (1.609 metros), devem graciosamente estar prontos para caminhar em sua companhia por mais uma milha; ou seja, por mais de três quilômetros. Assim Jesus está nos ensinando que devemos exceder em amor, graça e misericórdia ao que pede a Lei.
Aqui eu aprendo que, a pratica do verdadeiro cristianismo é fazer o que ninguém faz, é ir além das obras dos religiosos. Jesus disse: Pois se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim? Pois eu lhes digo que se a vossa justiça não for superior a dos fariseus e escribas, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus (Mt.5.46,47,20). A justiça dos escribas e fariseus era exclusivamente exterior. Eles observavam muitas regras, oravam, cantavam, jejuavam, liam as Escrituras e frequentavam os cultos nas sinagogas. No entanto, substituiam as atitudes interiores corretas pelas aparências externas. Jesus declara aqui que a justiça que Deus requer do crente vá além das aparências, além da religiosidade, além do legalismo e formalismo religioso. Amém!