PREGANDO A VERDADE: PAULO - O FAZEDOR DE TENDAS.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

PAULO - O FAZEDOR DE TENDAS.


Depois disto, partiu Paulo de Atenas e chegou a Corinto. E, achando um certo judeu por nome Áquila, natural do Ponto, que havia pouco tinha vindo da Itália, e Priscila, sua mulher (pois Claúdio tinha mandado que todos os judeus saíssem de Roma), se juntou com eles, e, como era do mesmo ofício, ficou com eles, e trabalhava; pois tinham por ofício fazer tendas (Atos, 18.1-3).

Em Corinto, Paulo conheceu Áquila e Priscila, um casal que também era fazedor de tendas, e se juntou a eles em seu trabalho. Essa parceria foi fundamental para o ministério de Paulo nas cidades, pois também lhe abria portas para ele pregar o Evangelho.

Paulo, o apóstolo, era de fato um fazedor de tendas, uma profissão que ele aprendeu em sua cidade natal, Tarso. Essa habilidade manual era uma prática comum na sociedade judaica da época, onde era esperado que os rabinos e estudiosos da lei tivessem também uma profissão para se sustentarem.

Paulo usava seu ofício para sustentar a si mesmo e a seus companheiros de viagem, evitando ser um peso financeiro para as igrejas nascentes. Ele acreditava que, ao trabalhar com as próprias mãos, demonstrava a pureza de suas intenções e a sinceridade de sua pregação, que não era motivada por ganhos financeiros.

Ao se manter financeiramente independente, Paulo ganhava credibilidade e confiança entre as comunidades que evangelizava. Ele podia pregar o evangelho de Cristo sem a suspeita de que estava interessado apenas em dinheiro, estabelecendo-se como um modelo de dedicação e trabalho honesto.

Paulo explica que, embora tivesse o direito de ser sustentado, escolheu não usar esse direito para evitar qualquer obstáculo ao evangelho (I Co.9.1-15).

Vocês se lembram, irmãos, do nosso trabalho e cansaço. Trabalhamos noite e dia para não sermos um peso para nenhum de vocês, enquanto lhes pregávamos o evangelho de Deus (I Ts.2.9).

Nem, de graça, comemos o pão de homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós (II Ts.3.8).

De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a veste. Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram (At.20.33,34).

O ofício pastoral é, sem dúvida, uma vocação honrosa. Um pastor dentro da comunidade de fé, ele é visto como um ministro da Palavra e cuidador das almas, algo que exige zelo, oração, estudo e total dedicação. Entretanto, fora desse círculo, a percepção é bem diferente. Muitos enxergam os pastores como aproveitadores e mercenários. Esse estigma, ainda que injusto em muitos casos, não pode ser ignorado.

As Escrituras, porém, são claras: “Digno é o trabalhador do seu salário” (1Tm. 5.18). O Senhor mesmo ordenou “que os que anunciam o evangelho, vivam do evangelho” (1Co. 9.14). O ministério integral é legítimo, necessário e traz vantagens incontáveis à Igreja. Ainda assim, não se trata de uma obrigatoriedade em toda e qualquer circunstância. A Bíblia também mostra um outro caminho, menos confortável, mas igualmente honroso: O exemplo de Paulo, o fazedor de tendas.

O apóstolo dos gentios, por vezes, preferiu trabalhar com suas próprias mãos para não ser pesado às igrejas e para não dar ocasião aos maledicentes (At. 20.33-35; 1Ts 2.9; 2Ts 3.8). Ele sabia que tinha o direito de ser sustentado, mas escolheu abrir mão dele, de modo a adornar o evangelho com sua conduta. Não apenas isso, ao escrever às igrejas, Paulo nos conclama a ser seus imitadores, como ele mesmo era de Cristo (1Co 11.1).

Seguir esse exemplo apostólico pode se tornar, em nossos dias, um poderoso testemunho diante do mundo. Num contexto em que a figura do pastor é muitas vezes associada à cobiça e ao abuso financeiro, levantar homens que pregam a Palavra com fidelidade enquanto se sustentam pelo trabalho secular seria um forte testemunho, desmentido às acusações de mercenarismo, por parte dos opositores do Evangelho de Cristo.

É claro que não se trata de desvalorizar o ministério integral. Este é um dom de Deus para sua Igreja e deve ser preservado. Mas talvez a realidade contemporânea exija que muitos ministros sigam a via de Paulo, tornando-se fazedores de tendas. Homens que mostram, pelo exemplo, que não pregam por interesse material, mas por amor a Cristo e às almas.

O termo "fazedor de tendas" ganhou um significado espiritual e inspirou a criação de um modelo missionário moderno. Atualmente, o termo descreve cristãos que se mantêm financeiramente por meio de uma profissão secular e, ao mesmo tempo, dedicam-se à obra missionária em seu tempo livre ou no local de trabalho. Essa abordagem permite que o evangelho seja levado a lugares onde missionários tradicionais de tempo integral podem não ter acesso. 

Em dias de tantas suspeitas contra o evangelho, precisamos de pastores dispostos a unir a vocação ministerial ao trabalho diário, de modo que o nome de Deus seja glorificado e os de fora vejam que o rebanho de Cristo não está à venda, nem igreja é meio de vida. Precisamos de mais fazedores de tendas.

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