PREGANDO A VERDADE: O PREÇO DO DISCIPULADO.

domingo, 21 de dezembro de 2025

O PREÇO DO DISCIPULADO.

Ora, ia com ele uma grande multidão; e, voltando-se, disse-lhe: Se alguém vier a mime não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo.

E qualquer que não levar a sua cruz e não vier após mim não pode ser meu discípulo.

Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar?

Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.

Ou qual é o rei que, indo à guerra a pelejar contra outro rei, não se assenta primeiro a tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?

De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda embaixadores e pede condições de paz. Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu (Lc.14:25-33).

Jesus ensina que aquele que deseja segui-lo e ser seu discípulo, deve resolver primeiro se está disposto a pagar o preço da renúncia. O preço do discipulado verdadeiro é abrir mão de todos os relacionamentos que impeça de seguir a Cristo. Isto não significa que devemos abandonar tudo quanto temos, mas que tudo quanto temos deve ser colocado a serviço de Cristo e sob seu senhorio. 

E, chamando a si a multidão, com os seus discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz, e siga-me (Mc.8.34).

Jesus considera o mundo e a sociedade em que vivemos como "geração adúltera e pecadora". Todos os que procuram popularidade e boa aceitação nesta geração má, ao invéns de seguirem a Cristo, serão por Ele rejeitados na sua vinda (Mt.7.23; 25.41-46; Lc.9.26). 

A cruz de Cristo é símbolo de sofrimento e renúncia pessoal. Quando uma pessoa decide seguir a Cristo, deve negar-se a si mesmo e abraçar lutas, oposições e sofrimentos. 

Aceitar a Jesus como Senhor e Salvador requer não somente crer na veracidade do Evangelho, mas também assumir o compromisso de segui-lo com abnegação. Isto requer renúncia, deixar de viver para os seus próprios desejos egoístas. 

O preço do discipulado verdadeiro é abrir mão de todos os nossos prazeres mundanos e nos submetermos ao senhorio de Cristo.

A todos que perseverarem em seguir a Cristo fielmente, serão por Ele recompensado com a coroa da vida. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida (Ap.2.10).

É melhor ser rejeitado pelo mundo e ser aceito por Cristo, do que ser honrado e aplaudido pelo mundo e rejeitado por Deus.

O célebre pregador Charles H. Spurgeon, pergunta:

“Você espera ser honrado em um mundo que teu Senhor foi crucificado?”

Com essa pergunta, Spurgeon confronta uma expectativa equivocada que muitas vezes se instala no coração do cristão: a ideia de que fidelidade a Cristo deveria resultar, naturalmente, em honra, reconhecimento e aceitação por parte do mundo.

A pergunta é intencionalmente desconcertante. O argumento é simples e profundamente bíblico: o mundo que rejeitou e crucificou o Filho de Deus não mudou em sua essência. Se Cristo, sendo perfeitamente justo, santo e cheio de graça, foi desprezado, caluniado e morto, não há base bíblica para esperar que seus seguidores sejam tratados com honra por permanecerem fiéis a Ele.

O próprio Jesus preparou seus discípulos para essa realidade:

Se o mundo os odeia, lembrem-se de que me odiou primeiro.

O mundo os amaria como um de seus próprios se vocês pertencessem a ele, mas vocês já não fazem parte do mundo. Eu os escolhi para que saíssem do mundo, e por isso o mundo os odeia. (Jo.15.18,19, NVT)

Aqui, Cristo estabelece um princípio fundamental do discipulado: a relação do mundo com o discípulo é determinada pela relação do mundo com o Mestre. A rejeição ao cristão não acontece principalmente por falhas pessoais, mas porque a vida fiel a Cristo expõe o pecado, confronta valores e proclama uma verdade que o mundo não quer ouvir.

Jesus continua dizendo:

Vocês se lembram do que eu lhes disse: O servo não é maior que o senhor. Visto que me perseguiram, também perseguirão vocês. Se tivessem obedecido ao meu ensino, obedeceriam ao de vocês. (Jo.15:20, NVT)

Spurgeon, portanto, não está promovendo um espírito de vitimismo, nem ensinando que o cristão deve buscar sofrimento ou desprezo. A Bíblia nos chama a manter um bom testemunho diante de todos (1 Pedro 2:12). Contudo, um bom testemunho não garante aceitação, especialmente quando o evangelho é anunciado com fidelidade.

O apóstolo Paulo confirma essa realidade ao afirmar:

De fato, todos que desejam viver de modo piedoso em Cristo Jesus serão perseguidos. (II Tm.3:12, NVT)

Viver piedosamente significa viver sob o senhorio de Cristo, com valores, palavras e atitudes moldados pelo evangelho. Em um mundo que ama as trevas, essa vida inevitavelmente provoca resistência.

Ainda assim, a Escritura ensina que essa oposição não é sinal de derrota, mas de participação na obra de Cristo:

Pois vocês receberam não apenas o privilégio de confiar em Cristo, mas também o privilégio de sofrer por ele. (Fp.1:29, NVT)

A pergunta de Spurgeon, portanto, redefine onde o cristão deposita sua esperança de honra. Se buscamos a aprovação do mundo, acabaremos comprometendo a verdade. Mas se buscamos agradar a Deus, estaremos preparados para suportar a rejeição, sabendo que a verdadeira honra não vem dos homens, mas do Senhor.

Como Paulo declarou:

Se meu objetivo ainda fosse agradar às pessoas, eu não seria servo de Cristo. (Gl.1:10, NVT)

O cristão vive entre a cruz e a glória. Agora, participa dos sofrimentos de Cristo; no futuro, participará da sua exaltação em glória.

Assim, Spurgeon nos lembra que esperar honra de um mundo que crucificou Cristo é esquecer quem é o nosso Senhor e qual é o caminho do verdadeiro discipulado.

E, visto que somos seus filhos, somos seus herdeiros. De fato, somos herdeiros junto com Cristo da glória de Deus. Mas, se quisermos participar da sua glória, também devemos participar de seu sofrimento. (Rm.8:17, NVT)

Concluimos que: Seguir a Cristo fielmente requer renúncia e levar a cruz até o fim. Porque a cruz precede a coroa, o sofrimento precede a glória e as lutas precede a vitória.

Em resumo, o preço do discipulado não é um valor monetário, mas um chamado à entrega total e incondicional em seguir a Jesus Cristo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário