sábado, 7 de novembro de 2020

A TEOLOGIA DE ELIFAZ.

Jó estava deprimido e aflito, ele precisava ouvir palavras de animo e consolação. No entanto, seus três companheiros nada disseram para animá-lo. Ao contrário, fizeram acusações que deixaram Jó ainda mais angustiado. Jó chegou a dizer que seus discursos eram inúteis e seus conselhos o molestava e acrescentava ainda mais a sua dor (16.1-5). Por não entenderem o propósito de Deus na vida de Jó, os seus amigos o acusavam de pecados. Assim também acontece nos dias atuais, muitos crentes por não entenderem os planos de Deus na vida do seu irmão, passam a criticar e julgar que o irmão estar em pecado diante de Deus, simplesmente pelo fato de estar passando por adversidades.

QUEM ERA ELIFAZ?

O livro de Jó apenas informa que Elifaz era oriundo de Temã, e o chama o temanita (2.11; 4.1). "Temanita" , isto é, um nativo de Temã, na região de Edom. Temã era famosa por causa dos muitos conselheiros sábios que ali habitavam (Jr.49.7). O livro de Gênesis nos informa que Elifaz era o primogênito de Esaú com a cananeia Ada e seus filhos foram príncipes de tribos edomitas (Gn.36.4,10-12,15,16). Há um consenso entre os estudiosos da Bíblia, de que Elifaz era o mais idoso entre os três conselheiros e o mais sábio e influente. Ele fala primeiro nas três fases do debate, e seus discursos são mais extensos. O nome "Elifaz", segundo o dicionário hebraico significa: "Meu Deus é força, ou Deus é Poderoso".

OS TRÊS DISCURSOS DE ELIFAZ:

1- O primeiro discurso é uma replica ao lamento de Jó. Está registrado nos capítulos 4 e 5. 

Elifaz no seu primeiro discurso, questiona o sofrimento de Jó sobre quatro aspectos: (1) Jó não era inocente - Qual inocente jamais pereceu? (2) Jó não era íntegro - Onde os íntegros sofreram destruição? (4.7). (3) Jó estava colhendo o que havia semeado - Pelo que tenho observado, quem cultiva o mal e semeia maldade, isso também colherá (4.8). (4) Jó estava sendo alvo do castigo de Deus - Eis que bem-aventurado é o homem a quem Deus castiga; não desprezes, pois, o castigo do Todo-Poderoso (5.17). Ou seja, Jó estava sendo corrigido e disciplinado por Deus.

2- No segundo discurso (15.1-35), Elifaz argumenta que Jó sufoca a piedade e diminui a devoção a Deus, e também acusa Jó de uso astuto das palavras para ocultar o seu pecado (15.1-6). Na continuação do seu discurso, Elifaz acusa Jó de soberba por se julgar o mais sábio e se achar mais justo que os demais. Sobre estas questões Elifaz perguntas a Jó: Será que você foi o primeiro a nascer? Acaso foi gerado antes das colinas? Você costuma ouvir o conselho secreto de Deus? Só a você pertence a sabedoria? O que você sabe, que nós não sabemos? Que compreensão tem você, que nós não temos? Por que você se deixa levar pelo coração, e por que esse brilho nos seus olhos? Como o homem pode ser puro? Como pode ser justo quem nasce de mulher? Em sua defesa, Jó se contrapõe ironicamente ao argumento de Elifaz (caps.16 -17).

3- Em seu terceiro e último discurso (22.1-30), Elifaz fala sobre a transcendência Divina e define Deus como alguém que não se importa com o que o homem é, e que mesmo Jó sendo justo e irrepreensível, nada ganharia por isso. Ou seja, o homem seria inútil para Deus (22.1-3). Em seguida, Elifaz acusa Jó de pecados e que ele está recebendo a retribuição da sua maldade, por oprimir o pobre e não socorrer os necessitados. Acusando Jó ele diz: Não é grande a sua maldade? Não são infindos os seus pecados? Sem motivo você exigia penhores dos seus irmãos; você despojava das roupas os que quase nenhuma tinha. Você não deu água ao sedento e reteve a comida do faminto, sendo você poderoso, dono de terras e delas vivendo, e honrado diante de todos. Você mandou embora de mãos vazias as viúvas e quebrou a força dos órfãos. Por isso está cercado de armadilhas e o perigo repentino o apavora. Também por isso você se vê envolto em escuridão que o cega, e o cobrem as águas, em tremenda inundação. Não está Deus nas alturas dos céus? E em que altura estão as estrelas mais distantes! Contudo, você diz: O que sabe Deus? (22.5-13). Enfim, Elifaz faz fortes denúncias contra Jó, possivelmente acusações indevidas e caluniadoras. 

CONCLUSÃO:

O pensamento teológico de Elifaz, em relação ao sofrimento, é que só os maus sofriam os infortúnios da vida. No seu entendimento Jó estava negando que estava em pecado, e estava contradizendo a religião tradicional que sempre associou as desgraças e ao cometimento de algum pecado. Para ele, Jó estava abandonado por Deus e isso era uma prova irrefutável de que havia pecado. Diante de tais acusações, Jó ergue a sua voz e se contrapõe, defendendo a sua integridade e comunhão diante de Deus. 

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